Gosto muito do termo “Intoxicações eletrônicas” cunhado pela Julieta Jerusalinsky, pois ele nos remete a uma questão de dose. Dependendo do quanto se consome, se intoxica.
É diferente uma criança que assiste a um desenho após um dia de brincadeiras para relaxar antes da janta de uma criança que ocupa seu tempo de faz-de-conta preenchido com TV e eletrônicos.
Os limites e as bordas se constroem através das relações reais, não virtuais.
Um bebê espera que o outro “diga” o que quer dele. Uma criança pequena busca captar no olhar do outro o que ele espera dela para que ela possa corresponder a isso.
A pergunta fundamental, então, é: o que o outro quer de mim?
E como um eletrônico poderia responder o que ele quer de uma criança?
Uma mãe ou um pai podem endereçar algo a seu filho: desejar que ele se desenvolva, corra, caminhe, seja esperto, seja “alguém” na vida…
Mas um eletrônico, o que poderia responder a pergunta da criança: o que você quer de mim? Ele não responde! Ele só apresenta imagens e sons e a criança os repete de forma passiva, não há uma real interação.
Não vamos abolir os eletrônicos, mas é preciso que nós atentemos a questão da dose.
“A diferença entre o remédio e o veneno está na dose.”
O que estamos fazendo com o nosso tempo?